sexta-feira, 4 de maio de 2007

Pequeno anjo à margem do ribeiro,
Não sei quem és ou que queres aqui.
O rubor incomum das tuas faces
Sobrepõe-se ao rubor da aurora,
Teu olhar, imerso no rio, se perde
Desvanece como as nuvens do céu.
Teu riso pueril se perde na poeira,
E vem o tempo, vêm os anos,
Passam as vidas, as auroras, sonhos.
As madrugadas perdem o encanto,
As auroras vão perdendo o rubor,
Tuas faces vão perdendo o rubor.
Os dias imergem no negrume do rio
E o mundo se perde dentro do ribeiro.
Pequeno anjo, a vida é vã, torpe,
Os dias são fúteis, as noites ébrias.
Pequeno anjo, teu riso ainda é,
Mas um dia há de deixar de ser
E então, sobre tuas rubras faces
Verterão lágrimas, como as minhas.

Leonardo Machado

01/12/2004

01:24