quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
a febre, a melancolia e a solidão me levaram
mas naquela derradeira hora eu te vi
à beira da minha cama, apertando a minha mão
Como quem pedisse para eu ficar...
E você falava das cartas que eu lhe fiz e de juras
e do perfume que ainda as impregnava
falava das minhas rimas, das minhas flores
você resumia a minha vida em meu leito de morte
Ainda que não me fosse permitido amá-la por completo,
em vida, sempre fui fiel a ti, fiel ao teu coração
e mesmo que tudo tenha nos mantido distantes
seja a guerra, o tempo, o frio, a fome, agora a morte
Sei que não morrerei hoje, pois sempre estarei vivo
a cada vez que você olhar aquelas fotos antigas e amarelas
e ler em silêncio as curtas e mal-escritas poesias que fiz
As muitas cartas que ainda tem o cheiro do perfume
ou ainda se você lembrar de mim em sonho.
E minhas últimas palavras foram:
Meu amor, obrigado por ser o único calor do meu coração
quando o inverno chegou, quando veio o meu medo
você foi por muitas vezes a única razão de eu estar vivo
todos esses anos eu esperei para morrer vendo você.
Eu morri às 4 e 15 da manhã de uma sexta feira do mês de outubro, com uma forte pneumonia. Meu cortejo foi breve. Você não estava lá. Talvez tenha sido apenas o meu delírio mortuário. Talvez, mas em meu leito de morte, antes do fim, eu pude sorrir
terça-feira, 5 de junho de 2007
Menino em VHS
Se chocar contra o espelho
Relembrar os dias, velhos
Amarelados nas fotos e sorrisos
Era necessário reviver
Reviver uma re-vida
E conversar com o menino
Esquecido nas horas
Nos relógios, nos segundos
Era necessário amar
Como o menino que amava ser
Criança. Amava o que tinha
E de nada mais precisava.
Era necessário ser menino
Todavia não é possível
(Hoje, só há menino em VHS
Em algumas fotografias
E na minha vaga memória)
Leonardo Machado
09-06-06
Conclusão: Faz quase um ano que eu não escrevo nada.
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Não sei quem és ou que queres aqui.
O rubor incomum das tuas faces
Sobrepõe-se ao rubor da aurora,
Teu olhar, imerso no rio, se perde
Desvanece como as nuvens do céu.
Teu riso pueril se perde na poeira,
E vem o tempo, vêm os anos,
Passam as vidas, as auroras, sonhos.
As madrugadas perdem o encanto,
As auroras vão perdendo o rubor,
Tuas faces vão perdendo o rubor.
Os dias imergem no negrume do rio
E o mundo se perde dentro do ribeiro.
Pequeno anjo, a vida é vã, torpe,
Os dias são fúteis, as noites ébrias.
Pequeno anjo, teu riso ainda é,
Mas um dia há de deixar de ser
E então, sobre tuas rubras faces
Verterão lágrimas, como as minhas.
Leonardo Machado
01/12/2004
01:24
quarta-feira, 18 de abril de 2007
O Sonho, O mar, o infinito
Eu sonho ser o infinito e do mais alto olhar o mar do horizonte
e depois, descer de lá, contemplar teu sorriso e teus olhos – intocáveis.
sonho com a lira adormecida e com o poeta que jaz acordado;
com a moça do olhar enigmático. Sonho com o que está além
Eu sonho com o que está além da realidade. Com o que não convém sonhar.
E nisto, me torno louco, triste, são, alegre, morro e vivo por tanto sonhar.
O Sonho! Como o vento que impulsiona o moinho! E Eu sou este moinho
Que vai a moer e a ser moído pelo trigo que são todos estes dias da vida.
Ah! Meu coração tem o sonho e a vontade de conhecer as estrelas
nomeá-las uma a uma com o nome que a ele bem convier
e afim de gravar-te em minha eternidade, ele daria a uma teu nome.
Não àquela mais brilhante, nem a que considere a mais bela.
Mas a que puder ver mais e sempre, afim de poder conhecê-la e contemplá-la melhor
Leonardo Machado
segunda-feira, 16 de abril de 2007
Junto a este rio
Junto a este rio aprendi a temer menos
Os desastres que sucedem na vida.
Ao olhar sua calma, paciência, e caminho;
Nasce pequeno, e vem vindo até mim;
Passa por mim e segue até seu destino
Sem se preocupar com hecatombes.
Tragédias épicas, guerras, apocalipses.
Aprendi a ser um pouco mais simples.
Não para saber as horas ou das chuvas.
Olhar o céu tão somente por olhar o céu.
Ver as nuvens, estrelas, e luas de Júpiter;
Nada temem, nada pensam, só orbitam;
E por não se fatigarem com problemas.
São bem mais felizes do que eu, aqui,
Pensante, e temeroso com esta vida.
Aprendi a pensar bem menos em mim
E pensar um pouco menos nos outros.
Pensar, de certo é bom, todavia enruga
(O tanto pensar estava a me exaurir).
Aves do céu não pensam para voar,
Mas voam, planam no céu e pousam,
Sem se preocupar com sua existência.
Que florescem, belas, frágeis, flores,
Floram, afloram, florescem pelo verde.
Com elas aprendi a recriar a mim mesmo;
Em cada manhã, em cada tarde ou noite;
Pois sempre serei velho, cansado, enrugado
Mas não o serão estas flores do campo;
Pois após secarem, outras hão de nascer;
E tomar o seu lugar das primeiras.
Que outrora, chamava eu de meus carrascos.
Aprendi que tudo tem seu valor;
Até esses espinhos na minha roseira,
Ou no cacto perdido num deserto.
Deles brota vida na forma cristalina,
Floresce de novo, trazendo o frescor do novo
Ao peito do que estava entre cousas velhas.
01:20 2/11/2005
Leonardo Machado
domingo, 15 de abril de 2007
Cinematografia
Você é a tela, você é o projetor, você é o filme
Lá estão tuas digitais, teu riso, teu choro, a vida
Uma poesia escrita com o leve correr das fotos
Por vezes teu rosto, em outras tua máscara.
Você, mascarada na fotografia, na edição
Tua máscara, te oculta e te dá a ver diferente
Você, que é um roteiro, que faz o roteiro
Que vive o mais sem rota de todos eles.
(Pois não é feito esta e outras artes)
Na delicadeza da artesã, na sabedoria do mestre
Constrói a vida, desconstrói, e chega até o fim
E assim é a arte. Sendo Finita, conhece o Infinito.
Leonardo Machado
15 de abril de 2007
Antes que nasça o sol
Antes mesmo que o sonho apareça
Antes que eu comece a escrever
e antes que você me esqueça
Eu queria te cantar e te contar
Falar da verdade e da mentira
Te fazer, moça em foto
foto em desenho, desenho em poema
Te decompor e te recompor
Mas o sol já está nascendo
É hora do sono chegar
E hora da reconstrução
Rio, 15/4/07 5:27
Leonardo Machado
(para efeitos de teste)
Anna, esse é apenas um rascunho. Eu espero que você goste.
Tenha um bom começo de semana, querida.