segunda-feira, 16 de abril de 2007

Junto a este rio

Junto a este rio aprendi a temer menos
Os desastres que sucedem na vida.
Ao olhar sua calma, paciência, e caminho;
Nasce pequeno, e vem vindo até mim;
Passa por mim e segue até seu destino
Sem se preocupar com hecatombes.
Tragédias épicas, guerras, apocalipses.
Aprendi a ser um pouco mais simples.

Aprendi, depois, a olhar mais o céu;
Não para saber as horas ou das chuvas.
Olhar o céu tão somente por olhar o céu.
Ver as nuvens, estrelas, e luas de Júpiter;
Nada temem, nada pensam, só orbitam;
E por não se fatigarem com problemas.
São bem mais felizes do que eu, aqui,
Pensante, e temeroso com esta vida.

Vendo as aves na imensidão azul e branca
Aprendi a pensar bem menos em mim
E pensar um pouco menos nos outros.
Pensar, de certo é bom, todavia enruga
(O tanto pensar estava a me exaurir).
Aves do céu não pensam para voar,
Mas voam, planam no céu e pousam,
Sem se preocupar com sua existência.

Aprendi também com as flores do campo
Que florescem, belas, frágeis, flores,
Floram, afloram, florescem pelo verde.
Com elas aprendi a recriar a mim mesmo;
Em cada manhã, em cada tarde ou noite;
Pois sempre serei velho, cansado, enrugado
Mas não o serão estas flores do campo;
Pois após secarem, outras hão de nascer;
E tomar o seu lugar das primeiras.

Aprendi uma lição com os espinhos,
Que outrora, chamava eu de meus carrascos.
Aprendi que tudo tem seu valor;
Até esses espinhos na minha roseira,
Ou no cacto perdido num deserto.
Deles brota vida na forma cristalina,
Floresce de novo, trazendo o frescor do novo
Ao peito do que estava entre cousas velhas.

01:20 2/11/2005

Leonardo Machado

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