quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Passavam os dias, os anos, os relógios
a febre, a melancolia e a solidão me levaram
mas naquela derradeira hora eu te vi
à beira da minha cama, apertando a minha mão
Como quem pedisse para eu ficar...
E você falava das cartas que eu lhe fiz e de juras
e do perfume que ainda as impregnava
falava das minhas rimas, das minhas flores
você resumia a minha vida em meu leito de morte

Ainda que não me fosse permitido amá-la por completo,
em vida, sempre fui fiel a ti, fiel ao teu coração
e mesmo que tudo tenha nos mantido distantes
seja a guerra, o tempo, o frio, a fome, agora a morte
Sei que não morrerei hoje, pois sempre estarei vivo
a cada vez que você olhar aquelas fotos antigas e amarelas
e ler em silêncio as curtas e mal-escritas poesias que fiz
As muitas cartas que ainda tem o cheiro do perfume
ou ainda se você lembrar de mim em sonho.


E minhas últimas palavras foram:
Meu amor, obrigado por ser o único calor do meu coração
quando o inverno chegou, quando veio o meu medo
você foi por muitas vezes a única razão de eu estar vivo
todos esses anos eu esperei para morrer vendo você.


Eu morri às 4 e 15 da manhã de uma sexta feira do mês de outubro, com uma forte pneumonia. Meu cortejo foi breve. Você não estava lá. Talvez tenha sido apenas o meu delírio mortuário. Talvez, mas em meu leito de morte, antes do fim, eu pude sorrir

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